Adinaldo cria 1º Banco Municipal do Norte e Nordeste e assume função em entidade nacional de prefeitos
O Banco Popular de Indiaroba (BPI) já movimentou A$ 2,2 milhões de aratús, nestes sete meses de funcionamento.
Pouca gente em Sergipe sabe, mas Indiaroba, no sul de Sergipe, tem o primeiro banco municipal do Norte e Nordeste, com funcionalidade aprovada pelo Banco Central do Brasil, moeda própria, um nome bastante apropriado para uma cidade amasiada com o mar e todas as suas riquezas, uma rede de clientela e uma confiança altíssima na comunidade.
Mais do que isso: ele tem apenas sete meses - é de agosto do ano passado -, mas já conta com 2,2 mil clientes cadastrados. Trata-se do Banco Aratu - que é o nome dado a um caranguejinho acinzentado, menor do que o convencional caranguejo-uçá e muito comum naquela região.
O banco e a moeda própria dele têm o mesmo nome: aratu, representada pelo A$, como o real o é pelo R$. O aratu é uma moeda virtual, com poder de compra e venda exclusivamente dentro do município de Indiaroba, e tem paridade com o real: A$ 1 vale R$ 1, e está encerrada a questão.
Segundo o prefeito de Indiaroba, Adinaldo do Nascimento, MDB, os Aratu, banco e moeda, nasceram da necessidade de atender ao público do Bolsa Família Municipal de sua cidade. E não é pouca gente não, viu.
“Nós atendemos com o Bolsa Família Municipal mil famílias em situação de carência em Indiaroba”, diz Adinaldo, ele mesmo um dos maiores entusiastas do Banco Aratu. “São A$ 130 por cada família. Logo, R$ 130. Veja que são A$ 130 mil - cento e trinta mil aratus - por mês”, constata o gerente do Aratu, o tecnólogo em Administração de Empresas Valdeilton de Andrade Santos.
“Além de fazer bem às pessoas assistidas, o Banco Aratu foi uma maneira que a gestão municipal encontrou de fazer o dinheiro de Indiaroba circular em Indiaroba e promover o bem da economia local. Antes, com o dinheiro do Bolsa Família Municipal em mãos, as pessoas podiam comprar em Umbaúba, Santa Luzia, Estância, ou onde bem entendessem. Hoje, não”, ressalta o prefeito.
O problema bem amarrado aí é que as mil pessoas do Bolsa Família têm um cartão digital do Banco Aratu que só tem valia ali dentro daquela cidade. Para fazer o uso dele, elas pagam uma taxa de 2% - bem abaixo do que é cobrado dos cartões convencionais, de 5% -, que gera um fundo a ser revertido para a assistência social do próprio município.
As demais pessoas 1,2 mil pessoas que se relacionam com o Aratu para além das assistidas pelo Bolsa Família têm um cadastro digital junto a ele. Só de comerciantes são 230.
O gerente do Aratu Valdeilton de Andrade apresenta contentamento maior do que o de um gerente de banco comum com o desempenho dessa instituição. “Nós já tivemos mais de A$ 2,2 milhões de movimentação nestes sete meses de funcionamento. E vem muito mais coisas por aí”, diz ele.
O sistema de bancos municipais é legal, regido pelo Instituto E-dinheiro Brasil e devidamente regulamentado pelo velho Banco Central do Brasil, que a tudo vê e assiste. E essa tão curta existência do Banco Aratu acaba de contribuir para que Adinaldo do Nascimento, o prefeito que o concebeu, acessasse a um cargo importante numa das entidades de classe de prefeitos brasileiros.
“Fui eleito secretário nacional de Economia Solidária da Associação Brasileira de Municípios - AMB –, justamente porque Indiaroba, sob nossa gestão, trabalha a existência de um banco municipal”, disse Adinaldo à Coluna Aparte, de Brasília, onde se encontra desde o começo da semana participando da 24ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios – a famosa Marcha dos Prefeitos -, promovida pela Confederação Nacional de Municípios - CNM.
Veja que CNM não é AMB. Há três entidades na esfera do municipalismo brasileiro. A outra é a FNP - Frente Nacional de Prefeitos -, cuja Presidência cabe ao aracajuano Edvaldo Nogueira, PDT, e só agrega gestores de cidades com populações acima de 80 mil habitantes.
A AMB congrega os prefeitos das menores cidades do país e é a mais antiga das três. Tem 75 anos e atualmente é presidida por Ary José Vanazzi, prefeito de São Leopoldo, cidade da Grande Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Uma das ações da AMB em Brasília é fazer ver ao Governo Federal que as cidades pequenas e seus bancos municipais podem e devem assumir o pagamento do Bolsa Família Federal e fazer bem com seus olhares regionais.
“A nossa luta é para que esses bancos se responsabilizem pelo pagamento do auxílio vindo do Bolsa Família do Governo Federal. A julgar pelo Banco Aratu de Indiaroba, eles estão preparados para isso”, diz Adinaldo.
“Inclusive, para essa causa temos um forte aliado no Congresso. Trata-se do senador gaúcho Paulo Paim, que ficou de apresentar nessa quinta-feira uma emenda para que os bancos municiais possam se responsabilizar por toda a agenda final do Bolsa Família”, diz Adinaldo do Nascimento.
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